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EDITORIAL

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Manuel Puerta da Costa
Manuel Puerta da Costa
Conselho Editorial da Ci

OPTIMISMO PARA O FUTURO DO TURISMO

À medida que os dias do COVID se vão tornando memórias difusas do passado vamos assistindo a um retomar da vida normal no mundo do Turismo. Os passageiros transportados em todo o mundo vão batendo novos recordes. A construção de hoteis, a abertura de restaurantes e as ofertas diversificadas de atividades mais ou menos exóticas são um negócio florescente. A cada ano que passa, os países-destino Europeus, como Portugal, França, Itália, Grécia ou Espanha, vão tendo um número de entrantes nas suas fronteiras terrestres e aéreas superior e as receitas associadas a estes movimentos de massas não cessam de aumentar em termos nominais e reais, para gáudio dos operadores turísticos, das autoridades tributárias e dos governantes em geral. Em Portugal por exemplo, o peso dos serviços (em que a mais importante componente é o Turismo) no PIB nos últimos 10 anos aumentou 6 p.p., ou seja 60%, passando de 10% para 16%, dando um contributo decisivo para que o peso das exportações no PIB tenha alcançado já em 2022 os 50%, de acordo com a PORDATA.

Numa economia de pequena dimensão como a economia portuguesa, sem uma base industrial ou agrícola de peso e na qual o sector financeiro também tenderá a perder peso no futuro digital, a importância do Turismo, e dos seus efeitos multiplicadores em vários sectores a montante e jusante, ganha uma dimensão que podemos considerar estratégica para a criação de riqueza e emprego. Até hoje, o país não teve que pagar pelas suas horas de exposição solar, o seu clima ameno, os seus rios e as suas costas marítimas – vantagens comparativas que muitos países não desdenhariam. Por isso é importante capitalizar nestas dimensões que dispomos em abundância e qualidade, não estragando a paisagem, permitindo infraestruturações ordenadas do território, garantindo acessibilidades e disponibilidades de recursos (de energia e hidrícos) que sejam compatíveis com esta estratégia de crescimento em que os inputs são virtualmente gratuitos, se as dimensões ESG não forem contabilizadas na sua plenitude.

É neste contexto que a acção do Turimo de Portugal, explorando novos mercados de origem turística, tem sido decisiva para a criação de uma marca de qualidade associada ao turismo português e tem permitido que o tipo de turismo atraído tenha cada vez maior poder de compra, com as consequências positivas para a rentabilidade dos negócios. Não se trata por esta via de menosprezar a importância de todos os turistas com menor poder de compra, como são cada vez mais - em termos relativos - os portugueses, mas sim a de fazer uma escolha que nos traga um Turismo mais sustentável a longo prazo: seja porque atraímos pessoas mais consciente dos impactos no Ambiente, seja porque permite um desenvolvimento mais integrado do território nacional, com maior coesão entre litoral e interior, seja porque gera mais oportunidades para os jovens não terem de emigrar em busca de oportunidades de emprego entre tantas outras características e impactos positivos. Disso é um exemplo claro o facto de que a nível mundial a procura de eco-resorts suplante a tendência global de crescimento turístico com uma taxa de crescimento anual de cerca de 15% entre 2021 e 2027 (alcançando uma dimensão total de 334bn.USD em 2027 vs 181Bn.USD).

A promoção e financimento deste Turismo Sustentável, gerador de um valor acrescentado em crescendo (como tem vindo a ser notório), passa também pela existência de investidores nacionais e internacionais que tirem partido destas oportunidades que se perspetivam para as próximas décadas em Portugal e de enquadramentos legais que não sejam desincentivadores do investimento em novos projectos, seja pela via fiscal, seja pela via regulatória. Os investidores têm estado atentos e a montagem de veículos para esta área não tem parado. O legislador, por vezes, com o afã de em tudo intervir, provoca graus de incerteza que todos dispensaríam.

Sou optimista por natureza, mas no caso do Turismo Português sou um optimista com a convicção profunda de que o Turismo é, e será, um dos poucos sectores que em Portugal criarão emprego sustentável, cada vez melhor remunerado, criando riqueza de forma sustentável.

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